segunda-feira, 8 de março de 2010

The Road (2009)



The Road apresenta-nos a história de um pai (Viggo Mortensen) e o seu filho de 11 anos (Kodi Smit-McPhee) que tentam a todo o custo sobreviver num mundo pós-apocalíptico onde os recursos, tal como a esperança, escasseiam. O seu principal objectivo é atingir a costa da Florida com o intuito de encontrarem melhores condições do que aquelas que os rodeiam e retomarem uma vida minimamente aceitável.

O filme, baseado numa obra de Cormac McCarthy, leva-nos numa jornada que nos faz reflectir acerca dos escrúpulos do ser humano, quais os limites de cada um e se seriamos capazes de manter os nossos valores numa situação em que a sobrevivência fala mais alto que tudo o resto. A atmosfera e conteúdo da película, extremamente depressivos, são um dos melhores aspectos do filme, criando no espectador uma amálgama de sentimentos, fazendo-nos reagir a cada cena e a rejubilar quando há a mínima demonstração de afecto ou réstia de esperança entre os dois.

Viggo Mortensen, comprova mais uma vez a sua excelência, mostrando um lado mais vulnerável e sensível que não é costume nas suas interpretações, associando-se perfeitamente ao espírito do filme.
No entanto, não é o único que se destaca. Kodi Smit-McPhee, um perfeito desconhecido para mim e com poucas representações anteriores, tem também uma interpretação surpreendentemente tocante, cativante e convincente, num papel que não seria nada fácil, à partida. De realçar também que todo o filme depende destes dois actores, pois participam em praticamente todas as cenas.
Com uma pequena aparição através de flashbacks, também Charlize Theron, que representa a mulher de Viggo Mortensen e mãe de Kodi Smit-McPhee, cumpre o papel atribuído e confirma o seu potencial. Também temos o prazer de contar com Robert Duvall durante uns minutos, tal como Guy Pearce.

The Road mostra-nos mais uma vez que para fazer cinema de qualidade não são necessários grandes efeitos, basta uma boa história e óptimas interpretações.

8.2/10

sábado, 6 de março de 2010

Alice (2005)


Dizer que 'Alice' é o melhor filme português de sempre é um exagero. No entanto, é sem dúvida o melhor filme português que eu alguma vez visualizei. Tendo em conta a qualidade (ou falta dela) da actualidade cinematográfica nacional, pôde ser considerada uma lufada de ar fresco e uma prova que existe quem faça bom cinema neste país, mesmo com as limitações impostas pelo nosso mercado.

'Alice' retrata o dia-a-dia dos pais de uma criança desaparecida na cidade de Lisboa e quais as estratégias que desenvolvem para a resgatar.

A pesada atmosfera lisboeta remete-nos a um cenário deprimente que condiz perfeitamente com o espirito da acção e, eleva ao extremo o desespero vivido pelos pais de Alice na impossibilidade de terem a sua filha de volta. Nuno Lopes e Beatriz Batarda têm desempenhos irrepreensíveis, representando com uma sobriedade e angústia tais, que, por vezes, era capaz de acreditar que poderiam estar perfeitamente a viver aquela situação.

Pode ser considerado por muitos um filme demasiado parado e repetitivo, porém, é essa mesma iteração de cenas e rotinas que nos apresenta o dia-a-dia e dá alento a quem perde alguém querido, desta forma.

8/10


PS: E nada melhor do que estrear a minha entrada no universo blogger com cinema português.